Energia lidera fusões e aquisições em 2025, e juros influenciarão negócios em 2026
- Seneca Evercore | Notícias

- há 11 minutos
- 3 min de leitura
(InfoMoney) Entre janeiro e novembro de 2025, houve um aumento no volume das transações de fusões e aquisições de 18% na comparação com o mesmo período do ano anterior — isto é, a soma dos valores transacionados. No lado do número de negociações, no entanto, o valor caiu 25%. Os dados foram levantados pela boutique de M&A Seneca Evercore, a pedido do InfoMoney.
“O aumento do volume transacionado se deve a algumas operações de grande porte, concentradas, sobretudo, nos setores de energia e recursos naturais, que englobam, por exemplo, empresas de geração e distribuição de energia, petróleo e gás, papel e celulose, e mineração”, explica o sócio-fundador da Seneca Evercore, Rodrigo Mello.
A compra de participação do Campo Offshore Peregrino da Equinor pela PRIO por US$ 3,35 bilhões foi a maior operação do ano, seguida pela aquisição da Serena Energia pela Actis, em um desinvestimento da Tarpon, por US$ 2,82 bilhões. Também no setor de energia e recursos naturais, o terceiro maior negócio foi a compra da Eldorado Brasil pela J&F, após oito anos de disputa com a Paper Excellence.
Desde 2021, o setor de energia tem ganhado espaço no mercado de M&A, saindo de 10% de representatividade no volume em 2020 para 54% em 2025. De janeiro a novembro deste ano, o volume transacionado em operações de energia e recursos naturais foi de US$ 28,2 bilhões, 47% superior na comparação com o mesmo período do ano anterior.
“Um dos fatores que explicam esse movimento é a natureza mais resiliente desses setores, que são menos expostos às flutuações do mercado doméstico e às incertezas políticas e econômicas do país”, aponta Mello.
É um cenário que não deve mudar tanto em 2026. Para o managing partner da 44 Capital, Guilherme Steagall, uma tendência do setor de M&As para o próximo ano é a consolidação em setores hoje muito regionalizados — o caso de alguns empreendimentos de geração de energia.
“Há tentativas de consolidar essas capacidades. Muitos projetos de energia solar, por exemplo, são bem regionalizados, localizados. Temos visto muitos fundos e outros players levantando dinheiro especificamente para comprar grandes capacidades, em especial quando há PPA (contratos de longo prazo de compra de energia) associadas”, conta Steagall.
Para o especialista, o maior número de transações, em 2026, deve se concentrar também em setores como logística, tecnologia, educação, infraestrutura. Segundo o estudo da Seneca, depois de energia e recursos naturais, consumo e varejo (14%), indústrias (9%), transporte e logística (8%) e tecnologia (7%) tiveram a maior representação em volumes de negócios.
Negócios em 2026
Depois de mais um ano em que o setor de energia e recursos naturais foi destaque entre as fusões e aquisições no Brasil, os olhares se voltam para a política monetária. Para analistas consultados pelo InfoMoney, o comportamento dos juros deve impactar os preços de ativos e induzir vendas de participações, enquanto um patamar ainda elevado da Selic pode tornar os M&As uma alternativa de financiamento relevante.
A expectativa por cortes na taxa básica de juros, hoje em 15% ao ano, é um elemento central nas projeções do mercado de M&As em 2026. “Pode ser um ano melhor, com a Selic potencialmente atingindo patamares mais baixos, o que poderia impulsionar preço dos ativos e, assim, induzir acionistas a voltar a considerar vendas de participação”, aponta Mello, da Seneca Evercore.
Da mesma forma, ele avalia, um custo de financiamento mais baixo pode ajudar compradores em busca de financiamento para suas aquisições. Hoje, o mercado avalia que já no início do próximo ano o Banco Central inicie um ciclo de cortes nos juros. No último Boletim Focus, agentes do mercado diminuíram a projeção da taxa Selic de 12,25% para 12,13%. O documento, publicado em 15 de dezembro, reúne expectativas do mercado para a economia.
Steagall pondera que juros ainda elevados devem fazer com que as fusões e aquisições se apresentem como uma alternativa ao financiamento das empresas. “É muito difícil se manter de forma independente com uma taxa de juros em um patamar de 15%, difícil ter rentabilidade. O mercado de M&A será uma solução: os ganhos de eficiência por meio da consolidação de atividades, em especial das cadeias logísticas e produtivas. É um caminho.”
O executivo da 44 Capital projeta um perfil diferente nos negócios para o próximo ciclo. Sua avaliação é a de que, em 2026, sejam concretizadas mais transações com volume “um pouco menor” do que em 2025. “Empresas de tamanho médio terão um papel importante. Claro que vão ter novas fusões, mas esse racional se aplica muito às companhias médias”, aponta. Até novembro, foram 592 transações até novembro deste ano, com volume superior a US$ 52 bilhões.
*Correção: Uma versão anterior deste texto falava em PPP (“Parcerias Público-Privadas”), em vez de PPA (Power Purchase Agreement) em energia solar e foi corrigida.
Publicado em 17/12/2025 e disponível em: https://www.infomoney.com.br/business/energia-puxa-mas-em-2025-e-juros-devem-ser-determinantes-para-2026/




Comentários