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Estrangeiros dão as cartas nas fusões e aquisições em 2025

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    Seneca Evercore | Notícias
  • 24 de mar.
  • 5 min de leitura

(Valor Econômico) Nomes internacionais estão em 13 das 20 maiores transações anunciadas neste ano e representam 85% do volume movimentado


Por Fernanda Guimarães — De São Paulo


As operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) transfronteiriças, ou “cross-border” no jargão do mercado financeiro, voltaram a crescer no início de 2025. Das 20 maiores transações anunciadas neste ano até aqui, 13 tiveram na ponta compradora ou vendedora um estrangeiro. Se considerados os cinco maiores negócios, todos tiveram investidores de fora.


O fenômeno é evidente nos volumes financeiros. Segundo dados coletados pela butique de M&A Seneca Evercore, do início do ano até o dia 17 de março, as operações transfronteiriças somaram R$ 27,4 bilhões (US$ 4,8 bilhões), representando 85% do total movimentado nessa indústria em 2025 - um aumento de 166% ante o visto em igual intervalo do ano passado. O número de operações cross-border, até o momento, é o maior desde 2021.


Em todo o ano passado, as transações de M&A somaram R$ 262,2 (US$ 46 bilhões), sendo 57% transnacionais. Em 2023 essa fatia foi de 71%.


Entre os maiores negócios anunciados até agora, está a venda a venda da marca de tintas Suvinil pela Basf para a Sherwin-Willians. Essa operação, que tem estrangeiros em ambas as pontas, também é uma das maiores do ano. Outra transação grande foi a venda da Vast Infraestrutura, da Prumo, para a chinesa CMP.


Outra operação de peso, anunciada na semana passada, foi a de uma fatia minoritária da farmacêutica Cimed para o fundo soberano de Cingapura, o GIC.


“Esse movimento é reforçado pela entrada de fluxo estrangeiro na bolsa brasileira. Em 2025, o investidor internacional acumula superávit de mais de R$ 10 bilhões na B3. A consolidação dessa tendência dependerá, em grande parte, de avanços no cenário fiscal do país, fator essencial para fortalecer a confiança dos investidores, juntamente com controle inflacionário, redução gradual nas taxas de juros e crescimento esperado para o país”, afirma Daniel Wainstein, sócio da Seneca Evercore. Segundo ele, esse maior interesse nas operações cross-border estão sendo notadas nas operações trabalhadas na casa.


Mesmo que o país não esteja em evidência, os negócios estão saindo e os estrangeiros voltaram a olhar oportunidades. O responsável pelo banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil, Fabio Medeiros, diz que este ano se mostra mais forte para operações transfronteiriças. Segundo o executivo, os estrangeiros estão ativos nas conversas de M&A, muito embora ainda não se vejam nomes novos sentados à mesa, ou seja, as compras estão sendo feitas por investidores já conhecedores do mercado brasileiro.


O que vale salientar, afirma Medeiros, é que as empresas nacionais estão neste momento menos capitalizadas, sendo que aquelas que detêm recursos estão optando por segurar o caixa, dado o cenário macroeconômico. Isso, por sua vez, tem levado um desequilíbrio neste momento às transações. “O mercado de M&A está estável com um viés maior de transações cross-border”, diz o executivo do Morgan Stanley.


No entanto, as conversas estão em ritmo mais lento, diz Bruno Amaral, sócio do BTG Pactual responsável pela área de M&A. O motivo é que os investidores estão com a atenção voltada para o cenário geopolítico global. “As conversas estão evoluindo, mas em uma velocidade menor. Isso indica que os compradores estão ganhando tempo para ver onde a relação política irá se reequilibrar”, afirma Amaral.


A questão é que o interesse não é transversal para todos os ativos disponíveis para negociação. Pedro Muzzi, corresponsável pela área de M&A do Goldman Sachs na América Latina, destaca que o apetite do estrangeiro permanece aquecido para ativos considerados irreplicáveis. “Nesses ativos, temos visto o internacional presente ou ainda não presente no Brasil olhando com atenção”, diz.


Isso significa que o interesse é grande por ativos considerados únicos. Foram esses os casos da venda da Santos Brasil para a CMA e da compra da Wilson Sons pelo grupo de navegação com sede na Suíça MSC, no ano passado. A Suvinil também entra na classificação de ativo irreplicável, dada a ampla participação que tem no mercado de tintas.


Já para ativos considerados sem diferencial, Muzzi diz que o estrangeiro se mantém mais reticente, “aguardando um melhor momento” para investir em Brasil. “Estamos vendo muito diálogo acontecendo, um fluxo relevante de provocações e apetite. O estrangeiro enxerga o momento como um ponto de entrada para uma economia grande, que não é desprezível globalmente e vai continuar sendo relevante”, diz o executivo do Goldman.


Diogo Aragão, responsável pela mesa de M&A do Bank of America (BofA) no Brasil, também não tem observado um interesse uniforme do estrangeiro por ativos brasileiros. No entanto, afirma que há conversas em setores em que o preço está “deslocado” e onde o tamanho do mercado brasileiro faz diferença. “Mas tem sido muito caso por caso”, diz.


Como o interesse do estrangeiro tem sido bastante seletivo, há ativos que não estão encontrando um ambiente competitivo para a venda. Muzzi, do Goldman, afirma que as operações de menor porte acabam dependendo do investidor local, que permanece cauteloso.


Para Muzzi, as eleições presidenciais de 2026 devem começar a influenciar as negociações mais para o fim deste ano, o que pode fazer com que algumas transações fiquem em compasso de espera. Por isso, sua leitura é que os volumes de M&A em 2025 poderão ficar abaixo dos registrados no ano passado.


Por outro lado, Roderick Greenlees, chefe global do banco de investimento do Itaú BBA, não considera que o movimento no primeiro bimestre deste ano - de estrangeiros saindo do país ou investindo aqui - se trate “necessariamente de uma tendência”. Por isso, espera que a divisão entre as transações cross-border e aquelas envolvendo atores locais se equilibre com o passar dos meses. Ele pondera, no entanto, que em setores como energia e infraestrutura o interesse de nomes internacionais vai continuar elevado.


No momento, investidores mais afastados voltaram a tatear oportunidades. Greenlees nota uma mudança que passou a ser observada nos últimos meses: o interesse chinês e, na esteira disso, uma maior participação nos processos de M&A em curso. Foram investidores chineses - a MMG - que compraram da Anglo American os ativos de níquel no Brasil, por R$ 2,9 bilhões (US$ 500 milhões).


Thiago Rocha, responsável por M&A no Santander Brasil, afirma que tem percebido a presença de investidores asiáticos de forma geral nos processos de fusões e aquisições, com interesse em diversos setores da economia. O executivo também diz que não acredita que exista uma tendência de saída de estrangeiros do Brasil, tanto que em diversas operações em que eles foram os vendedores o comprador foi outro de fora do Brasil. “Tem casos de ajuste de portfólios”, afirma.


André Moor, responsável pela área de M&A e renda variável do Bradesco BBI, diz que tem observado mais olhares ao Brasil depois da mudança do governo americano, com investidores e empresas colocando na ponta do lápis os efeitos das potenciais mudanças geopolíticas. “Desse ponto de vista, o Brasil tem uma economia que cresce e um bom tamanho de mercado.”


No entanto, segundo o responsável pelo banco de investimento do Citi no Brasil, Eduardo Miras, o contexto geopolítico global tem como reflexo a volatilidade nos mercados, tornando mais difícil a formação de preço dos ativos. “Mesmo em transações privadas, a referência de preço é o mercado público [da bolsa de valores].”


 
 
 

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